sexta-feira, 22 de maio de 2009

Máquinas cerebrais a desserviço dos enamorados



Triste sina dos enamorados que por motivos de trabalho ou de estudo, precisam ficar separados. No passado, cartas e telefonemas amenizavam a falta do ser amado. Com o advento da internet, veio o MSN e as web cams, extensão do olho permite que os casais não apenas conversem “olhando no olho” do outro, mas também cheguem ao cúmulo de manter relações sexuais, na verdade, simulá-las,porque sexo de verdade é quando duas pessoas estão juntas. Com o avanço das máquinas cerebrais, a distância não representa mais um problema. Um laboratório de tecnologia digital britânico, o Distance Lab criou, a partir da idéia da artista japonesa, Tomoko Hayashi, um aparelho batizado de Matsumoto, que funciona da seguinte forma: Os parceiros deitam-se em suas camas e com um anel que são ativados através do toque. Quando um deles passa o anel em seu corpo, ou na cama, um sistema computadorizado capta os movimentos e estes são transmitidos e projetados em fachos de luz sobre o corpo do outro. Olhando de longe a idéia parece ser boa, mas não é, na verdade ela é bem assustadora, porque este projeto pode fazer com que as pessoas esqueçam que o amor é instintivo, necessita de esforços para manter-se vivo, esforços como organizar a agenda e encontrar tempo para ficar junto ao lado de quem ama. O Matsumoto é perigoso, vem em um momento no qual as pessoas vivem aglomeradas nas grandes cidades, mas não estão juntas, não se tocam.
Stefan Agamanolis, executivo-chefe e diretor de pesquisas do Distance Lab, diz que o celular e o e-mail não permitem a intimidade, o que é verdade, mas fachos de luz também não possibilitam a intimidade, muito pelo contrário, a única coisa que a tecnologia em questão incita é a individualidade e o egoísmo. Relacionamentos à distância serão cômodos e extremamente convenientes, para que gastar dinheiro afim de locomover-se para casa do parceiro, agüentar as manias se uma máquina pode cumprir com seus deveres sexuais?
Sinceramente, acreditar que tocar o próprio corpo com um anel, essa ação ser decodificada por um computador, o parceiro que terá os fachos refletidos em seu corpo será capaz de sentir prazer é insano. O Distance Lab criou com seu Matsugoto uma nova forma de masturbação, o fulano toca-se com o anel, sabe-se lá onde são essas carícias, o útil e o agradável unem-se, da seguinte maneira: o propósito do Matsugoto é fazer os casais que morem em distantes não sofram tanto devido a saudade, propiciar que um sinta o toque do outro por intermédio de luzes refletidas, mas neste inocente propósito está embutido o culto ao egoísmo, com a suposta de idéia de sastifazer o parceiro, o usuário, na verdade está satisfazendo a si mesmo, repito a pergunta: sabe-se lá onde são feitas as carícias. E o prazer, como é que fica nessa história? Para atingi-lo é necessário a união dos cinco sentidos, conhecer você e seu parceiro e isso só é possível após um bom tempo de relacionamento.
É inevitável o fato de que as máquinas cerebrais desempenham papéis importantes na atualidade, são extensões de nossa memória, mas elas estão ocupando um espaço assustadoramente grande. Quem possui este aparelho, mostra-se encantado pela idéia de uma máquina poder imitar a vida, e é sofrível saber que esses indivíduos existem, e aos milharesAs máquinas, especialmente as cerebrais, não irão revoltar-se, tomar forma de monstros e nos programar, a tão chamada "dominação das máquinas", na verdade será uma dominação psicológica, a mais perigosa forma de dominação.Cordas, correntes de ferro, são fácil de serem rompidas, por serem físicas, mas o inconsciente, é algo que poucos conseguem ter controle, e o que se vê, é um grande número de pessoas convencidas que uma máquina possa substituí-los em todas as funções, até namorar.
Prazer obtido através de fachos de luz decodificados por um computador é revelar-se um fracassado. Será que o ser humano vai esquecer o real significado do sexo, que é expressão do amor e desejo que dois indivíduos sentem um pelo outro? E o prazer? Será que ele deixará de ser algo físico e emocional, para ser puramente mecanizado? Será que um dia, os e-books e os temas de conversas entre amigos darão conta de em um passado bem distante, o sexo era praticado entre duas pessoas e existia uma coisa chamada prazer, que resultava da uma união dos cinco sentidos e intimidade?

Postado por Sumaia Santana


Referências bibliográficas:

http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL1093692-6174,00.html - Laboratório britânico cria aparelho para intimidade à distância22/04/09 - 08h40 - Atualizado em 22/04/09 - 09h03 Da BBC Brasil, acesso em 17/05

http://noholodeck.blogspot.com/2009/04/laboratorio-britanico-cria-aparelho.html acesso em 20/05

Foto retirada do site gazetaonline.globo.com/, em 22/05

2 comentários:

  1. O sentido de namorar, estar junto, relacionar-se sexualmente com outra pessoa está muito além do que qualquer máquina possa representar. Há todo um "conjunto de emoções" envolvidos que máquina nenhuma, nem agora e nem NUNCAAAA, poderá substituir.

    Nesse ponto, sou COMPLETAMENTE tradicional!Hahahha!

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  2. A construção de nossa identidade se dá pela relção do eu com o outro.
    Mas a masturbação nos ensinou desde o primórdio que pode haver prazer solitário.
    O problema é acreditar que só o prazer solitário pode nos completar.
    Máquinas existem até para aplacar nossas necessidades mais íntimas. Mas até que ponto se distanciar do outro é válido para a continuação da sociedade?

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