quinta-feira, 21 de maio de 2009

“Internetez”






A sociedade humana primeiramente se formou com a ajuda do discurso oral. Só mais tarde tornou-se letrada, mas ainda assim não foi em sua totalidade. Foi um processo que aconteceu de forma e em épocas diferentes para os diversos grupos humanos. Os primeiros registros escritos datam de 6.000 anos atrás e das milhares de línguas faladas na humanidade, apenas cerca de 106 podem ser consideradas como tendo um sistema escrito. Portanto, a oralidade é a forma de linguagem básica do homem.
Há dois tipos de oralidade: a primária e a secundária. A primeira refere-se à oralidade de uma cultura carente do conhecimento de qualquer forma de escrita. A segunda é a que está presente numa cultura, usa e sofre os efeitos da escrita. Esse é o caso de nossa atual cultura tecnológica na qual o telefone, o rádio, a TV, a Internet e outras invenções eletrônicas estimulam uma oralidade que depende da escrita.
Por nossa cultura ser escrita não conseguimos nos imaginarmos desvinculadas a ela. Porém fazendo uma analogia com o aparecimento da informática, talvez assim percebemos o impacto gerado pelo aparecimento da escrita em uma cultura oral. Assim como a informática à escrita também é uma tecnologia. Tecnologia essa que Platão mantinha um certo receio, pois para ele a escrita iria diminuir a capacidade da memória encontrada na oralidade.O surgimento da Internet também surpreendeu uma geração inteira que até então convivia perfeitamente sem ela. A Internet permite a comunicação entre indivíduos e o rápido acesso ás informações.
O uso contínuo desta novidade tecnológica fez com que surgisse uma nova modalidade de escrita. A teclada, o critério é teclar pouco e dizer muito, para economizar tempo e assim manter uma comunicação rápida. A escrita apresenta abreviações, telegrafias e economia. As frases são curtas, diretas. Há palavras inventadas e as de origem inglesas são abrasileiradas. Eis o “internetez”. Para mim e para muitos estudiosos, como, Maria Teresa de Assunção Freitas (prof.ª da Faculdade de Educação da UFJF), nada mais é que a evolução da escrita. É uma hibridização da fala. Pois os adolescentes perceberam que para utilizar esta nova tecnologia teriam que ser ágeis. E como ganhar velocidade escrevendo? Simples cortando palavras abreviando-as, reformulando-as e porque não as criando.
Palavras como café, você, não, perderam os acentos e ganharam novos caracteres, passaram a ser: cafeh, você, naum. Tudo para facilitar os movimentos e possibilitar uma velocidade semelhante à fala. A entonação é expressa pelos pontos de exclamação e interrogação usados em abundância e escritas em letras maiúsculas que indicam voz alta. Ou então representados por ícones que é o caso dos “emoticons”, indicando emoções.



Os internautas criam uma comunicação cheia de signos utilizando o teclado para tal. Exemplo: :) ou :o) sorrindo, alegre ou animada. Assim transformando a comunicação entre eles em uma maneira rápida e divertida. A interface oral escrita parece se dissipar no ciberespaço. Os enunciados construídos não apresentam término definido misturando forma, processos da oralidade e da escrita.
Levy (1999) afirma que “a exibição do ciberespaço tem um efeito tão radical sobre a pragmática das comunicações como teve em seu tempo a invenção da escrita”. Porque a cibercultura apresentou um espaço de comunicação que até então era desconhecido pelas sociedades o que possibilitou uma interação com pessoas distantes que dividem a mesma mensagem ou situação ainda que não estando no mesmo lugar, cidade ou pais, é a chamada onipresença. Os internautas trocam mensagens simultaneamente. Ou seja, escrever e a escrita logo se torna leitura também. Por este motivo muitos professores vêem está prática com bons olhos, pois o aluno nunca leu e escreveu tanto como hoje em dia. Nos blogs são encontrados pequenos contos, crônicas e até poesias. Os levando para o mundo da literatura. E o que é melhor, aproximando-se com prazer e não por serem forçados. Equivocados estão os que julgam esta prática como prejudicial ao aprendizado da criança ou adolescente. O que em geral se vê é um preconceito por parte de educadores e estudiosos, dizendo que estes jovens contemporâneos não sabem diferenciar o que presta do que não presta.
Muitos estudos já indicam que jovens e crianças com o advento desta nova comunicação, passaram a tem um raciocínio lógico muito mais rápido do que seus pais ou avós, por exemplo. Logo este ponto tem que ser levado em consideração.
Portanto, alunos e educadores em um futuro próximo tenderam a se compreenderem neste campo. Fico na torcida.




Fontes:
Texto: Escrita teclada: uma nova forma de escrever? Autora: Maria Teresa de Assunção Freitas
LÉVY, P. O que é o virtual? Rio de Janeiro: Editora 34,1996.
Entrevista concedida por: Maria Thereza Freitas a Revista Nós da Escola, nº 23
Imagem : programassuperlegais.blogspot.com

2 comentários:

  1. muito bom bruna

    também sou a favor da escrita adaptada para a internet, acho que a escrita tem de ser uma representação da fala e não uma complicação, mas temos que seber como e onde ultilizar essa escriata de internet ao menos até que mudem as regras gramaticais.

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  2. As técnicas e novas tecnologias sempre alteram a linguagem verbal escrita e verbal oral.
    Estou com "medo" de vocês...Criei "monstros" anti-robôs.. rs

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