sábado, 23 de maio de 2009

A fórmula do amor

Nos anos 80, o cantor Léo Jaime cantava “ainda encontro a fórmula do amor...”. Hoje, os cientistas parecem ter encontrado a tal fórmula do amor e também para curar a dor do fim de um relacionamento.
Os pesquisadores das universidades Rutgers e Stony Brook, ambas americanas descobriram que a ativação de um circuito na área tegmentar ventral, localizada no meio da cabeça explica a longevidade de algumas paixões. A descoberta confirmou-se com a visualização de pontos de luz em imagens computadorizadas nos cérebros de pessoas que mantém relacionamentos estáveis, que também foram encontrados em casais juntos a pouco tempo.
Outra descoberta feita é que a compatibilidade amorosa nada tem a ver com a forma de pensar. Ficar horas e horas se arrumando, ensaiar na frente do espelho o que vai dizer para o pretendente é coisa do passado, barzinhos, happy hours, não serão mais os lugares para paquerar, o parceiro dos sonhos poderá ser encontrado através de um exame laboratorial, isso é o que diz a ScientificMatch, uma empresa americana que pela bagatela de U$$1.995.95, realiza a procura. O teste genético consiste em passar um cotonete na parte interna da bochecha e enviar para o laboratório. A compatibilidade seguindo por esta lógica nada tem a ver com pensar igual, ouvir o mesmo tipo de música. A compatibilidade agora é genética, e ela é determinada pela análise dos genes chamados MHC, que controla a maneira que o sistema de defesa do organismo combate e reconhece invasores, como por exemplo, os fungos e bactérias. Quanto mais diferentes forem esses genes, mais compatível é o casal. Essa diferença entre o MHC também garante a chance dos parceiros gerarem filhos mais saudáveis. Antes de um casal ter filhos, eles irão até o ScientificMatch, para verificar se são geneticamente compatíveis, se o MHC for idêntico (o que significa que a relação não vai dar certo, segundo a ScientificMatch), na mesma hora acontece a separação. Será que não existirá mais historias de gente que conheceu o grande amor no metrô, durante uma caminhada no parque, ou em situações malucas, como em pleno trânsito da Imigrantes em um feriado prolongado?Ter filhos não será apenas uma conseqüência de uma relação emocional e financeiramente estável?
O público alvo da Scientific são as pessoas que sofreram uma grande desilusão amorosa e não querem mais passar pelo mesmo processo de sair para um chopinho com os amigos, trocar olhares e sentir um friozinho ao olhar para o bonitão/bonitona da mesa ao lado, sentir-se atraído pela voz, pela cor dos olhos, batalhar para conseguir o telefone, começar a namorar depois de alguns encontros e achar que finalmente encontrou a alma gêmea e não conter-se de tão contente. O conto de fadas começa a ganhar ares de pesadelo e o príncipe ou princesa torna-se um sapo, e a decepção toma conta de uma relação que tinha tudo para dar certo. Quem passa por qualquer tipo de decepção nem cogita mais se apaixonar outra vez, a não ser que tenham garantias de encontrar a pessoa certa. Como a necessidade é a mãe de todas as invenções (McLuhan), surge a empresa cujo propósito é ajudar as pessoas desiludidas com o amor. De boas intenções, o inferno está realmente cheio. Algo tão indescritível que é encontrar alguém especial encantar-se pelas qualidades, até mesmo pelos defeitos, pensar o tempo todo neste alguém, tornou-se num mero negócio. Hoje, os sentimentos não são sinais de que o sangue ainda está correndo nas veias, é uma valiosa moeda nas mãos de empresários que possuem um bom tino comercial. As igrejas que cobram dinheiro dos fiéis com a promessa de bênçãos divinas, são exemplos claros disso.
A ciência além de descobrir o comportamento do cérebro em casais com anos de relacionamento, um laboratório diz facilitar a procura do par perfeito e promete o desenvolvimento de remédios que ajudarão a amenizar a dor de um rompimento e se apaixonar. Esta hipótese, publicada na revista Nature, do bioquímico e pesquisador de genética comportamental da Universidade Emory, nos Estados Unidos. Young profetiza dizendo que drogas capazes de manipular sistemas cerebrais para diminuir ou aumentar o amor não são coisas distantes. Já pensou?Você e seu parceiro fazem um acordo, no qual você entra com a bunda, e ao invés de chorar desesperadamente, vai até a farmácia mais próxima e pede: “Por favor, um vidrinho de Cornol gotas, por gentileza?”. Chorar pelo final de um namoro ou casamento, sofrer por amor, achar-se a pior pessoa da face da Terra, o mais feio, mais burro, é comportamento do Romantismo, aquela gente sem noção que até cometia o suicídio, dos emos (nada contra a NX Zero, Fresno e seus fãs). Uma droga que diminua a dor do fim, será o fim dos cirurgiões plásticos e da indústria de cosméticos, se ninguém mais chorar porque foi abandonado, não haverá necessidade de procurar cremes, muito menos clínicas, mas para os fabricantes de cotonetes irão dar escandalosas gargalhadas.
O serviço oferecido pela ScientificMatch, irá dar vazão as histórias de ficção científica, será que isso se transformará em uma arma para que as famílias ricas continuem no poder?Elas poderão convocar uma reunião extraordinária e ordenar que seus parentes corram até a empresa e façam os testes, para encontrar casais compatíveis, eles se casam e assim perpetuam o poder e a riqueza.
O mesmo pesquisador usa a frase “O amor é insanidade”, para responder a quem achar ruim a possibilidade de existir remédios para curar a dor de cotovelelo. Está certo, o amor passa longe da racionalidade, gastar tempo, dinheiro, para descobrir que a paixão se dá pela ativação de um de um circuito na área tegmentar ventral também é loucura. Esta empresa tem o objetivo de facilitar o encontro da “tampa da panela”, mas isso irá despertar a preguiça, a frieza, o namoro irá igualar-se ao ato de mandar fazer uma roupa no alfaiate, ele tira suas medidas e confecciona a peça conforme o seu estilo. Em um mundo tão racionalizado, onde a ciência parece ter explicação para tudo, viver intensamente o amor, chorar quando estiver sofrendo, depois “sacudir a poeira e dar a volta por cima”, são provas de que somos diferentes dos robôs, das máquinas.
Quando li sobre este estudo na revista Época, comecei a me perguntar por quê é tão importante descobrir o que faz o amor nascer. Mistérios não foram feitos para serem decifrados,não seria melhor se os pesquisadores dessas faculdades empenharem-se em estudar vacinas, tratamentos para doenças como a nova gripe, ou a AIDS?

Postado por Sumaia Santana

Referências bibliográficas:


http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI20951-15257,00-A+FORMULA+DO+AMOR+ETERNO.html acesso dia 20/05

Citações das músicas : “A fórmula do amor”, música do cantor Léo Jaime, do álbum Sessão da Tarde, composta por Léo Jaime e Leoni e “Volta por Cima”, Beth Carvalho, música do álbum Canta o Samba de São Paulo, composta por Paulo Vanzolini.

2 comentários:

  1. Parabens pelo post, eu não conhecia essa pesquisa, mas atraído plo título ( bons tempos )achei muito legal em um contexto geral, bem interessante e observado.

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  2. "Muitos são os perigos desta vida para quem tem paixão..."
    EU QUERO GOTAS DE CORNOL AGORA ahahahahahahahha
    Seu texto é show. Muito tênue a ligação enre ele a Comunicação Comparada, mas ela existe.
    Podemos aposentar as bacias de colocar os cotovelos de molho quando eles doem???

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