
Foi nesse tom que a cantora Madonna lançou “Hung up”, o carro chefe de seu penúltimo CD, “Confessions on a Dancefloor” em novembro de 2005. Na época, no auge de seus quarenta e sete anos, a diva mostrou que desafiar o tempo é seu hobby favorito. Vítima do tabu midiático, que ajudou a manter, de que a beleza, a boa forma e o sucesso andam juntos, Madonna já demonstra saber que seu tempo está acabando. Resta saber qual é a sua relação com esse tempo.
Mais uma vez o tic tac do relógio apareceu em seu repertório. “4 minutes” primeira canção divulgada em “Hard Candy”, seu último CD lançado em abril do ano passado, mostra a cantora dançando ao lado de Justin Timberlake e do rapper Timbaland e em um momento da canção imita com a voz o som do tic tac de um relógio.
Madonna não é a única a duelar com o tempo, todos nós temos nossos desafios relacionados à ele. A boa forma e a eterna juventude é pauta de interesse da maioria das mulheres e homens de 30 a 60 anos. A prova disso é que os editoriais voltados ao público feminino e masculino desta faixa etária, sempre dão destaque aos avanços da tecnologia e da medicina que permitem o retardo da velhice. À isso se deve a crescente procura das mulheres pelas cirurgias plásticas que justificam seus motivos com superficialidades como supostos defeitos físicos, insatisfação étnica ou até consolo para dor de cotovelo.
Mas a questão do tempo contra ou a favor da estética é mais complexa se formos discursar


Essa hipnose resiste nos dias de hoje, mas não se limita ao cinema e se populariza nos grandes editoriais e na TV. Estes ícones ou olimpianos como os chamaria Edgar Morin, já citados no blog pelo Diego, nos entorpecem com a sua “perfeição” e fazem com que desejamos ser a sua imagem e semelhança. Os ícones seriam então as extensões do nosso espelho, ou talvez o nosso desejo remeta que nosso espelho seja a extensão dos ícones da TV, do cinema e de alguns editoriais, pois a maioria de nós pauta a vida para atingir o grau de “elevação” destes ícones com o diferencial de tornar isso o mais perpétuo possível, pois ainda melhor do que ser a extensão de uma Gilda ou de uma Marilyn é manter-se por mais tempo possível nesta condição.
A relação do homem com o tempo dificilmente rompe com a questão estética que este tempo traz consigo. E com isso perdemos o real sentido de tempo que envolve experiência de vida. Em uma entrevista à revista VEJA, a atriz

A questão é: quem vive melhor? Quem usa o tempo para retardar seu efeito ou quem aceita as suas condições e vive intensamente cada minuto? A resposta

Enquanto Madonna aguarda o “time out” (tempo esgotado) fazendo cirurgias plásticas, pulando corda no palco, irritando insistentemente a igreja católica desta vez se envolvendo com um homem trinta anos mais novo que “por acaso” se chama Jesus, Fernanda encara o tempo como uma dura conseqüência: “Envelhecer não é fácil. Nem para a própria pessoa, nem para quem assiste o envelhecer da pessoa.” Apesar disso encara esse processo com tranqüilidade e bom humor, tanto que ao ser questionada sobre a sua posição em relação às cirurgias plásticas, Fernanda é categórica: "Não tenho nada contra. Mas não quis fazer quando mais jovem e agora acho que passei da hora”.
Rainhas em territórios completamente diferentes, Madonna e Fernanda têm algo em comum: reconhecem que o tempo acaba, não é à toa que na última turnê da cantora americana, “Sticky & Sweet”, o som do tic tac do relógio esteve presente por cinco vezes no meio de suas canções de hoje e sempre (como podemos notar abaixo no trecho do video de divulgação do DVD da turnê, onde o clássico Vogue foi totalmente recriado, inclusive com sons do relógio).
Bem ou mal as duas sabem que seus reinados não rompem a barreira do tempo.
Referências:
*Cultura de massa : Neurose – Edgar Morin
*“Tempo é: dinheiro, carreira, família, lazer, amigos... ISTO É 2046 28/01/2009 – matéria de Eliane Lobato
* “Ter ou não ter rugas, eis a questão” VEJA 1777 13/11/2002 – Matéria de Silvia Rogar.
* http://www.sescrio.org.br/
FOTOS
www.madonnaonlinecom.br
jonasnuts.com/144321.html
www.icicom.up.pt
g1.globo.com/.../0,,MUL84401-7084,00.html
muito legal.
ResponderExcluiro que acho massa é que cai na hipocresia do elixir da longa vida, você passa a vida inteira atraz dele, se pré- ocupando para morrer sem aproveitar o que a vida tem a lhe oferecer.
PQP!! O Jacques "tá tirando" com esses textos, né? Hahaha!
ResponderExcluirA fascinação pelas imagens faz as pessoas buscarem a semelhança com seus ídolos à todo o custo esquecendo-se de outras coisas importantes, como a saúde, como você mesmo disse.
Tudo o que é demais, atrapalha!
PARABÉNS PELO TEXTO!
Muito bom em forma e em conteúdo!
Que senso de humor, Heim? "arrasou", madonna irritando a igreja namorando Jesus? rsrsr
ResponderExcluirAdorei a forma com que você destacou a mensagem subliminar do "TIC TAC" é uma reflexão muito boa.
parabéns!!
O Seu post trata da comunicação com exemplos clássicos. Um exemplo verde-amarelo e outro de uma celebridade mundial.
ResponderExcluirAs duas são felizes, cada uma seguindo seu ritual e sua excência. Este texto que tú fez remete diretamente ao nosso trabalho sobre o Idoso na Mídia (apresentado essa semana), é isso ai Boy.
Oi Páris Jacques...
ResponderExcluirE tenho de discordar de você "my friend" quando dizes que o tempo da Madona está acabando,eu acho que está apenas começando, pois mesmo depois de sua morte alguém escreverá em algum blog sobre quem foi Madona e a importância que teve para a música. Como você acabou de fazer quando sitou Rodolfo Valentino mesmo depois de 86 anos de sua morte.
Acho que nessa vida, uns estão para adorar e outros para serem adorados.
Portanto, Madona será eternamente "Like a Virgin"!
Parabéns pelo post!
Abraço!
Luis Leite