sexta-feira, 17 de abril de 2009

Síndrome 3 oni



Quando Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil, em 1500, seu escrivão, Pero Vaz Caminha escreveu uma carta para o rei de Portugal, Dom João VI para informá-lo sobre a conquista e as particularidades do desconhecido território. Ela chegou após seis meses. Se a descoberta tivesse ocorrido nos dias de hoje, Caminha só precisaria pegar seu BlackBerry, tirar uma foto e mandá-la por e-mail através do próprio aparelho.
Lançado em 2002 pela Research in Motion,empresa de tecnologia canadense, o BlackBerry que deu origem aos smartphones, permite o acesso a internet,enviar de qualquer lugar e-mails com anexos,sincronizar contatos e agendas com o computador de casa,possui ainda mapas,jogos e alguns modelos têm media player e câmera. A Nextel, operadora especializada em serviços de telefonia empresarial comercializa um modelo com a tecnologia “Push-to-talk”, que permite com um apertar de botão, falar com outro aparelho como se fosse rádio. Vendo assim até parece novas maneiras de se trabalhar, mas será que tantas facilidades ajudam mesmo? Com esses recursos é possível que executivos trabalhem em casa e, mudando o escritório para o “lar doce lar” não é deixar para segundo plano a vida pessoal? E não é apenas isso, um aparelho que possibilita mandar e-mais, tirar fotos, sincroniza-lo com o pc de casa e até usá-lo como celular traz uma sensação que podemos fazer tudo, estar em todos os lugares e saber de tudo. Esses 3 “onis” onipotência, onipresença e onisciência que os avanços tecnológicos fazem com que o ser humano sinta-se como Deus, e cá entre nós isso é tentador.
O homem se atrai por suas extensões porque elas realizam tarefas que ele não consegue, e satisfaz sua necessidade de perfeição. Mas qual a razão por trás dessa necessidade? O homo sapiens do século 21 quer enganar a si mesmo, e a ilusão é tão forte que muitos pensem que realmente são super-heróis e tomam para si inúmeras responsabilidades profissionais não importando se elas ocupem as horas de lazer ao lado da família, esquecendo que é um ser humano, que precisa às vezes se desligar do mundo, cada vez mais máquina, cada vez mais solitário e o pior disso tudo que ele nem percebe o quanto está sozinho tão grande é seu encantamento pelas maravilhas tecnológicas. Não será essa a “revolução das máquinas”? Se for, estamos muito atrás no placar desse jogo.

Postado por Sumaia Santana

www.informatica.hsw.uol.com/blackberry.htm, acesso em 02/04/09

http://smartphonecelular.com.br/blackberry, acesso em 02/04/09

3 comentários:

  1. Legal, continuo com a minha opinião de outros comentários que já fiz em posts de colegas, acho que o que falta ao ser humano é informação, pois nos seduzimos muito facilmente e não percebemos as coisas como elas são e a velocidade de nossa época mostra muito isso esses dias eu estava ouvindo musicas dos anos 80 e percebi muitas coisas daquele tempo nas letras, palavras como: discos, Polaroid (câmera), radinho, vitrola, tv, entre outras.
    Nos últimos tempos não se usa tanto isso, as vezes agente vê em musicas novas palavras como discos, mas não estamos na era dos CDs e Pen drive`s, ou seja, a tecnologia anda tão depressa que nós não acompanhamos mentalmente, mas queremos mesmo assim seguir a velocidade dela.
    Para mim se na própria educação escolar se adotassem os meios e mostrassem até onde ele é importante seria um avanço.

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  2. Olá!! Um bom texto!!

    Bem, a meu ver, o homem tenta controlar o tempo, com isso ele cria diversos meios com os quais ele possa dominar a noção de espaço e tempo, como é o caso de mandar alguma mensagem para o outro lado do mundo, em questão de segundos a mensagem chega, o que antes era muito mais complicado.

    Realmente a idéia de estar em vários lugares ao mesmo tempo é fascinante! E poder ter acesso a varias pessoas, em qualquer hora e lugar, tem um lado positivo, porém levar trabalho para casa, convenhamos que não é nada agradável.

    bjos!!

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  3. Oh Admirável Mundo Novo... rs
    A história do Pero Vaz eu já ouvi em algum lugar quase com aquelas mesmas palavras.. haja intertextualidade.
    Falta ou sobra informação?

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