domingo, 12 de abril de 2009

TV Digital brasileira com Ginga

Todos vemos e gostamos de assistir TV! Ha algum tempo atrás quando queríamos ver algum programa na TV, (um jogo ou filme), mas não podíamos devido a alguma incompatibilidade de tempo, programávamos o vídeo cassete e gravávamos para assistirmos quando pudéssemos. O tempo passou e os vídeos cassetes dos lares se quebraram e não valia mais a pena consertá-lo, e comprar outro também não era lá um grande negócio, pois o DVD chegara com tudo nas lojas, nos convidando a comprá-los. A era da internet chegou e de alguma forma desbancou a hegemonia da TV. No PC (Personal Computer) podemos realizar várias tarefas de puro entretenimento, como: games, escutar músicas, assistir filmes, fazer os trabalhos acadêmicos, navegar na internet ou ainda trabalharmos. Porque assistir a uma novela chata e ultrapassada, se eu posso baixar filmes que ainda nem chegaram nas locadoras, ou aos imperdíveis Lost e Heroes, que passaram no dia anterior nos Estados Unidos, e já com legenda e tudo, e o melhor, tudo de graça e na hora que eu quero? Pois bem! É por estas e outras que a TV digital nasceu!

Nos países desenvolvidos ela já possui alguns anos de vida, porém a nossa, o IDSB-TB, que também pode ser chamado de STBTD (Sistema Brasileiro de Televisão Digital), só tem um ano de existência, mas parece que ainda é somente um recém-nascido. Ele um hibrido, ou se preferir uma versão do padrão japonês IDSB-T, que por sua vez é uma adaptação do padrão Europeu. Sua estrutura é nipônica, porém na versão brasileira ela está adaptada as nossas realidades socioeconômicas e culturais, e podemos até dizer que é um modelo melhorado de todos os padrões de TV digital existentes, possuindo inclusive a melhor imagem, que é o formato H.264, também chamado de MPEG-4, e as melhores possibilidades de interação.

Mas afinal, o que a TV digital nos trará de diferente da TV analógica? Primeiramente é preciso entender que o conceito de “digital” está intimamente ligado a informatização. Então por ai já podemos perceber que a TV digital quebrará todos os paradigmas que estamos acostumados correlação a TV que assistimos desde que nascemos. As primeiras diferenças, são a qualidade de som e imagem, que simplesmente é incomparável com tudo que nós já conhecemos. Com ela, ou a pessoa terá uma imagem e som totalmente nítidos, ou não terá nada. Isto porque com a digitalização da imagem e do som, foi possível corrigir os problemas de interferência que pareciam insolucionáveis, sem a necessidade de o telespectador pagar qualquer taxa, porque o STBTD foi desenvolvido para ser gratuito, bastando que a pessoa possuir um decodificador de dados. Outra característica muito importante é a mobilidade. Por meio de um celular ou palmtop será possível assistir TV em qualquer lugar, (no ônibus, metrô, carro, na rua, enfim), e sempre com imagem e som impecáveis. Agora não será mais necessário colocar o vídeo cassete para gravar os nossos programas preferidos, pois a TV estará “colada” em nossos corpos aonde estivermos.

Outro paradigma a ser quebrado, é a questão da interatividade, que muitos falam, mas parece que não fica claro, justamente porque as próprias emissoras fazem pouco caso deste assunto tão importante. Assunto este que mudará a maneira de assistirmos televisão, nos transformando de simples telespectadores à usuários. Para possibilitar a interatividade do usuário com a emissora, é necessário um (Middleware), que é um software, uma espécie de Sistema Operacional, como o Windows ou Linux. Este ficará instalado nos receptores (Set Top Box), e também dos celulares e palmtop. É ele que fará a intermediação do usuário/telespectador com a emissora. O melhor é que este Middleware adotado pelo Brasil é totalmente nacional, foi desenvolvido pela UFPB (Universidade Federal da Paraíba) e pela PUC-Rio, sem fins lucrativos para viabilizar os custos a população de baixa renda brasileira. Denominado Ginga, este sistema é livre de royalties, e possui código aberto, permitindo que todos os brasileiros produzam conteúdo interativo, o que dará novo impulso às TVs comunitárias e à produção de conteúdo pelas grandes emissoras.

Luiz Fernando Soares (criador do Ginga)


Exemplo de interatividade

É pelo Ginga que serão realizados os acessos às aplicações de navegação das emissoras. Nestas aplicações, que é um tipo de site com poucas opções e com interface mais simples, é que o telespectador fará a interação com os programas de cada emissora, bem como aos serviços públicos e acesso a Internet. Na Rede Globo por exemplo, engenheiros preparam uma aplicação para o programa da Ana Maria Braga, onde as telespectadoras poderão acessar as receitas a qualquer momento, sem a necessidade de assistir aos programas. Na questão de acessos a serviços públicos existem uma série de projetos para serem implantados, como marcação de consultas na rede do SUS, Educação a Distancia, votação de projetos que tramitarem na câmara aberta à população, verificar o trânsito, jogos, internet, acessos ao intenet-banking e até a compra de imóveis pela Caixa Econômica Federal. Inclusive para este último já foram realizados alguns testes. Com o Ginga, o STBTD além de possibilitar uma extensa gama de interação, também possui a concepção de levar a inclusão social por meio da televisão, uma vez que no Brasil a desigualdade social é gigantesca, e grande parte da população não possui acesso a internet, ou telefone, mas em se tratando de aparelhos de televisão nos lares dos brasileiros, os números são maiores até do que os de refrigeradores. Daí a intenção do Governo Federal de utilizar a TVD (Televisão Digital), como meio de inclusão digital, e consequentemente social.

Muitos talvez se perguntam: porque o Brasil adotou o sistema japonês, e não o americano, ou o europeu? Justamente porque o sistema americano foi desenvolvido para atender as necessidades daquela população, dando mais ênfase a qualidade de imagem e som. O Europeu buscou solucionar os problemas de invasão das TVs em países vizinhos. Já o sistema Japonês, leva uma imensa vantagem sobre os dois anteriores. Ele possui uma grande facilidade para transmissão em diferentes dispositivos (TVs, celulares, etc), ou seja, mobilidade aliada a alta definição, além de possibilitar mais interatividade.

A TV Digital é muito mais do que um hibrido da TV analógica. É a extensão mais intima de nossos olhos ganhando “poderes” que antes eram praticamente inimagináveis, e por sua vez nos dando “poderes”. Ora se a TV antiga foi criada para ser a extensão de nossos olhos, que nos leva a enxergar lugares onde nunca fomos, e talvez jamais iremos, quais olhos teremos com a TV Digital? Esta é uma pergunta bastante difícil de responder, justamente porque são poucos os brasileiros que já possuem o acesso, mas o que posso dizer, é que ela nos levará a enxergar muito mais longe do que já enxergamos.

Fontes:
http://gingarn.wdfiles.com/local--files/tvdiepoca08/capituloTVDIEPOCAFinal.pdf

http://www.ginga.org.br/index.html

2 comentários:

  1. Caramba quanta coisa sobre a tv digital, parabéns.
    Acho que a tv digital mudará muito no cotidiano das pessoas, pois mesmo com os celulares com tv a imagem ainda é muito ruim fazendo com que as pessoas prefiram o mp3, com a tv na mão e podendo interagir com ela teremos informação pura e uma informação que ainda poderemos questionar a quem nos informa, se nós podermos assistir o que quisermos da televisão, esta mesma terá que rever certos programas para não perder audiência (na minha opinião principalmente em dias de domingo que é um horror), podendo até se marcar consultas pelo sus pelo o que eu entendi, ou seja, mudará muito o cotidiano dos telespectadores.

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  2. Elifas,

    Genial seu post. Demonstrou que, apesar do silêncio em aula, captou perefeitamente o espírito da disciplina.
    E, enfim, alguém consegui no Brasil explicar com clareza os motivos de nosso padrão de TV digital ser nipônico. Parabéns!

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