domingo, 12 de abril de 2009

Matrix e o mito da caverna

Ao vermos o filme Matrix atentamente nos deparamos com uma enorme semelhança com o mito da caverna de Platão. A começar pela a história de neo, o escolhido que não entendia o porque achavam que ele era o escolhido, não entendia o que estava acontecendo.


O oráculo, as consultas e o contexto comum entre o Templo de Delfos e a casa de subúrbio de Matrix, não deixam dúvidas sobre a pretensão dos irmãos Wachowski. O diálogo entre o Oráculo e os tripulantes da nave Nabucodonosor é socrático. As respostas são vagas e provocam mais dúvidas do que certezas. A sabedoria de Delfos pode ser captada nos diálogos e nas imagens. Nada em excesso é uma das lições: Pegue um biscoito, o Oráculo diz a Neo, e não pegue alguns biscoitos ou pegue quantos biscoitos seu coração desejar. Neo não é “o” Escolhido – ele tem que se tornar “O Escolhido”. Dependerá dele, é somente dele, esta transformação. Neo precisa se auto conhecer.


Outro grande momento da filosofia grega: o mito platônico da caverna. A prisão para a mente, citada por Morpheus no diálogo com Neo, é a imagem do prisioneiro da caverna platônico. Tanto na Matrix como na caverna os prisioneiros não sabem que são prisioneiros e nem desconfiam que exista outra realidade além daquela em que vivem. Um dia, porém, um deles é libertado das correntes e levado ao mundo exterior e, sob a luz do sol, vê as coisas como elas realmente são. Em vez de ser egoísta e permanecer lá fora, o prisioneiro volta para contar aos outros, que retribuem seu gesto de bondade com zombarias e resistência, acreditando que ele ficou louco.


Sócrates, professor de Platão, é a figura do prisioneiro que volta, é dado como louco e morre por não querer voltar ao mundo da ilusão. Existe um paralelo com a história de Neo, que um dia se liberta de Matrix para vislumbrar “o deserto do real”. A filosofia platônica do ponto de vista entre o conhecimento e a realidade, entre a matéria e a forma, a percepção pelo intelecto e pelos sentidos, perpassam por todo o filme. Neo também aprende que o intelecto é mais importante que os sentidos. A mente é mais importante que a matéria. Quanto a Platão, o físico não é tão real quanto a Forma; por isso, para Neo, “não existe colher”. A forma – o ideal platônico – é representada pelo déjà vu. E o “déjà vu” não é evidência de uma falha na Matrix, e sim uma recordação das Formas.


Ao escolher a pílula vermelha, Neo segue o caminho menos percorrido, o caminho da audácia e da inconformação. E isso fez toda a diferença. Escolher é o verbo preferido de Morpheus.
Há um outro filme que trata desta questão de mundo real e imaginário: A ilha. Nele também é possível traçar um paralelo com o mito da caverna.

A história se resume da seguinte forma: um grupo de “pessoas” está preso em um mundo subterrâneo aguardando ser escolhido para viver em uma ilha onde a vida estaria segura de qualquer ameaça. No entanto, tudo não passa de uma ilusão, de um engano, pois na verdade o destino de suas vidas era outro. (São clones feitos com o único propósito é fornecer “partes de seus corpos”, para seus humanos originais. como se fosse somente um objeto reserva. Para fornecer órgão, membros ect.) Até que aparece alguém que, assumindo o papel de filósofo, duvida, questiona, debate e busca a verdade. Esses gestos desmascaram a falsidade e trazem à tona a verdade, e com ela a liberdade.
Já no filme Matrix a grande batalha consiste em libertar as pessoas de um mundo virtual fantasioso e cheio de ilusões. Mas o tema principal também é a transição de uma realidade falsificada para uma realidade verdadeira e plena.
Será que estamos vivendo em um mundo real?


Vídeo


Fonte: http://www.cuidardoser.com.br/

http://www.interfilmes.com/

3 comentários:

  1. Legal, só fazendo um paralelo com o que você coloca em seu post, Mcluhan diz algo semelhante que acho muito interessante, que é mais ou menos isso:
    As pessoas não precisam evitar os meios ou abominá-los, mas sim conhecer de que forma eles atingem a sociedade, quais as transformações que são trazidas com eles tanto boas quanto ruins, é preciso conhecê-los para não ser narcotizado por eles, um exemplo para mim é o seguinte, penso eu que em nossa época seja muito difícil viver sem o computador, mas não precisamos fazer dele nossa realidade e sermos totalmente narcotizados com ele, seria algo como comercial de bebidas sabe "beba com moderação" deveria ser para as novas tecnologias "use com moderação" e esses filmes mostram uma total narcotização, ou seja, um idealismo a ponto de se achar que aquilo tudo era uma realidade e no caso do Matrix ter pessoas querendo voltar para o mundo que as maquinas criaram, provando que é sempre mais fácil conviver com a ignorância.

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  2. ♂ ♂ Mina sou seu fã!!
    parabéns pelo paralelo, nunca associei 'matrix' a algo tão profundo como a filosofia... e eis que tudo se encaixa... arrasou!
    BJ TCHAU!!! ♂ ♂

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  3. Somos absolutamente seduzidos pelas "sombras", principalmente a que criamos com as extensões de nossos próprios corpos, não acha?

    Será que queremos realmente nos libertar das correentes e "sair da caverna"?

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