terça-feira, 7 de abril de 2009

COMUNICAÇÃO E UM POUCO DE LEVY






Desde há muito tempo o homem teve a necessidade de se comunicar, um fato notório dentro da história da evolução, pois na pré-história os primatas desenhavam nas paredes, os egípcios criaram o chamado hieróglifo; africanos batiam em seus tambores, índios americanos usavam o método de sinal de fumaça, índios brasileiros imitavam o canto dos pássaros para enviar mensagens entre si. Aos poucos surgiu o alfabeto que variou de língua para língua.






A escrita passou a atuar como instrumento de aproximação cultural e social. Para transmitir mensagens, vários meios foram experimentados: leitura em praça pública por arautos na Idade Média; correio; livros escritos a próprio punho. Esses métodos evidentemente eram incertos e demorados, mas graças à invenção da impressão por caracteres móveis, no século XV, invenção de Johannes Gutenberg (1397 – 1468), as mensagens puderam ser produzidas em larga escala, dando possibilidade de um maior acesso as mesmas, o que também despertou nas pessoas o interesse pela escrita que até então era algo de acesso para poucos.

(Gutenberg)

Outros inventos surgiram com a intenção de enviar mensagens a longas distâncias, como o telégrafo, o rádio, a televisão, o telefone, posteriormente o fax e a internet. O mundo está cada vez mais prático e rápido.

Dentro disso, quero que voltemos nossa atenção para a internet, objeto de estudo de filósofos como Pierre Levy, que diz que a internet é um objeto de desenvolvimento social por permitir a partilha da memória, da percepção e da imaginação, elementos esses que resultam na troca de conhecimento de forma coletiva.

Diferente de meios como a televisão que é um meio passivo por não proporcionar ao receptor a troca de informação e nem interage com o receptor, que assume apenas o papel de absorver a mensagem, a internet permite que várias pessoas possam compartilhar e mostrar idéias numa mesma rede.
(Pierre Levy)


Existe um programa desenvolvido por Levy, a chamada Árvore do Conhecimento, em que os membros de um grupo alimentam um banco de dados com informações sobre o que podem e gostam de fazer.



Inteligência Coletiva: "É uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências".


Quando Levy fala de inteligência distribuída por toda parte, ele quer dizer que ninguém sabe tudo, todos sabem alguma coisa, há sempre um valor a passar, mesmo em situações/problemas em que se faz pensar que não há inteligência, por exemplo, em problemas relacionados com subdesenvolvimento, fracasso escolar, em que se diz que há a carência do saber, mas mesmo sendo um saber limitado, ele serve para ser compartilhado com os outros, por que o conhecimento nada mais é que o juntar de experiências realizadas por alguém e assim aplicadas na sociedade.

A inteligência por estar distribuída por todos os lados deve ser algo valorizado, por isso que Pierre Levy, ao dizer “Uma inteligência incessantemente valorizada”, aponta para a questão de que hoje esse valor está sendo deixado de lado, desprezado. Essa árvore do conhecimento viria então para “acender” mais uma vez o desejo do conhecimento, pois numa realidade passada a procura pelo saber e ter instrução sobre algo era bem maior –(olha que era bem difícil ter acesso ao conhecimento), hoje que é tudo mais facilitado, não se vê tanto isso. Uma frase cairia bem para esse momento “O proibido é mais gostoso”.

Para isso, teria que haver “A coordenação das inteligências em tempo real”, em que os novos sistemas de comunicação deveriam oferecer meios de coordenar, aos membros de uma comunidade, as interações no mesmo universo virtual de conhecimentos, ou seja, um espaço móvel das interações entre conhecimentos e conhecedores.

Como tudo na vida, existe problemas e limitações, que com o passar do tempo podem ganhar soluções e seguir por outros caminhos que possam mudar o quadro em que está. Dentro do aspecto de conhecimento coletivo existem certos problemas, pois, por exemplo, qualquer texto que seja publicado nesse meio não sofre a filtração de intermediários, como ocorre na publicação de um livro, de uma matéria num jornal, mas que se for bem coordenado, quem sabe o problema seja resolvido. Outro aspecto que é apontado é o caso da dificuldade do acesso a esse meio, mas é algo respondido por Pierre Levy da seguinte maneira:


“A Internet é um instrumento de desenvolvimento social. Devemos lembrar que a escrita demorou pelo menos 3000 anos para atingir o atual estágio, no qual todos sabem ler e escrever. A Internet tem apenas 10 anos. O importante é ver o índice de pessoas plugadas"


(trecho de uma entrevista dada por Pierre Levy no Roda Viva - 08/01/01)

Como todo o meio de comunicação a internet passa por um processo de aprimoramento e dificuldades. É um espaço que tem dois lados, o bom e o ruim, pois ao mesmo tempo em que as pessoas têm a oportunidade de ter o conhecimento ao alcance de um clique, tem também a questão do chamado “lixo na rede”, de questões morais como pornografia, violência, etc. que estão espalhados não só na internet, mas também nos outros meios, o que dependerá do que você buscar.

Um exemplo, já comentado em sala de aula, mas que quero ressaltar, foi o caso do invento de Alberto Santos-Dumont, que foi usado de forma negativa e diferente do objetivo de seu inventor, que tirou a própria vida em um quarto do Grande Hotel de La Plage, Guarujá, em 1932, ao saber que o avião, seu sonho de voar, virara um instrumento de morte e destruição nas mãos de outros.

Por isso, tudo é uma questão de escolha. A internet funciona como funciona a vida: você escolhe o caminho que quer seguir.

CURIOSIDADE

Aos interessados, segue a baixo umas palavras de Pierre Levy numa entrevista dada à Revista Interface:

Pierre Lévy – Você sabe como funcionam as Árvores de Conhecimento?
Cada um descreve suas competências, suas próprias competências e, a partir de todas as descrições dos membros de uma comunidade, o programa faz uma árvore de todas as competências do grupo. Mas é uma árvore que brota a partir das auto-descrições dos indivíduos e não a partir de uma organização a priori do saber. Portanto, a árvore se transforma o tempo todo e cada pessoa tem uma certa distribuição na árvore. Alguns estão um pouco no tronco, um pouco neste galho; outros estão em três galhos diferentes; outros estão todos concentrados... Entende? Suas posições de conhecimento.
Então, quando nós imaginamos as Árvores de Conhecimentos, logo nos primeiros dias, percebemos que ela poderia funcionar para a medicina ou para a Saúde. Isto é: se você define um certo tipo de sinal ou sintoma ou, então, aliás, de tratamento, se você define, digamos, um acontecimento de saúde em geral, você pode em seguida fazer a árvore dos acontecimentos de saúde de cada comunidade. Dessa forma, é possível evidenciar que a distribuição dos acontecimentos de saúde numa comunidade, numa outra comunidade é diferente; que esta configuração evolui completa e constantemente, segundo a invenção de um novo tratamento, de uma nova molécula, de uma nova forma de se tratar ou, enfim...
Isso dissolveria a noção de doença, para dar lugar às correlações de um número muito grande de fatores, que são a cada vez diferentes. Isso também permitiria às pessoas se situarem numa paisagem de acontecimentos de saúde e de perceber se eles estão próximos de tal ou tal acontecimento e, neste caso, eles poderiam tanto evitar quanto se aproximar de tal estado etc. Cada vez que acontece alguma coisa com alguém, isso enriquece a paisagem do grupo e permite, a cada participante, melhor se situar, melhor se orientar. Portanto, é exatamente a idéia do notebook coletivo, mas num processo de evolução contínua...
Bom, isso talvez seja difícil de se compreender, sem conhecer os sistema das Árvores de Conhecimento. Mas logo nós imaginamos esse uso e eu sempre tive muito medo de falar disso, porque - eu pensava - se alguém, algum dia e em algum lugar põe um sistema desses para funcionar, as pessoas praticamente não terão mais necessidade de medicamentos e nós seremos fuzilados pelas indústrias farmacêuticas... (risos)
Eu, pessoalmente, tive experiências muito dolorosas com a medicina. Quando eu realizei que a metade dos meus problemas vinham dos tratamentos que eu seguia e decidi tomar em minhas próprias mãos a minha saúde, eu passei a ficar muito menos doente, a gastar muito menos dinheiro, as coisas começaram a andar muito melhor... E eu me disse: no fundo, todo mundo deveria fazer o mesmo. Portanto, o que eu estou dizendo é algo vivido, não é só uma teoria, é algo que eu mesmo experimentei.

Fonte de Pesquisa:

Livro: Cibercultura - Ano: 1999

Internet: http://www.caosmose.net/pierrelevy/educaecyber.html

http://www.caosmose.net/pierrelevy/ouniversalsem.html

http://www.interface.org.br/

Google: Imagens

Youtube: Vídeos




4 comentários:

  1. bravo, bravo, Clau otimo post, nossa muito grande também é verdade, mas espantoso.

    eu li no seu post que hoje em dia mesmo as pessoas tendo o conhecimento mais em mãos elas não o buscam, acho que seja pela vida que temos, numa sociedade onde as coisas são muito rapidas a vida as vezes parece um alô e um tchal fazer que nem diz em uma musica do barão vermelho, penso eu que se antigamente as pessoas costumavam trabalhar mais perto do serviço, tinha menas poluição sonora, menos carros e o tempo podia ser melhor aproveitado, com a grande quantidade de seres humanos que há hoje no planeta a vida está uma loucura, tudo graças a medicina que fez nós vivermos mais, mas mais estrexados também por um invadir o espaço do outro e o aproveitamento de nosso tempo acaba sendo prejudicado, pois em algum momento sentimos necessidade de parar só para assistir tv.

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  2. Realmente a comunicação é "tudo" na nossa sociedade. Ela faz com que esse mundo formado por vários continentes esteja cada vez mais interligado.
    Gosto das idéias do Levy, e muito bom saber um pouco mais sobre ele.

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  3. Cara,

    Seu post é tão BOM que faz eu me sentir professor desnecessário!
    Parabéns!

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  4. Muito bom esse texto, um dos melhores que li e maiores também, pois mostra, de certa forma a importância da interatividade e da boa comunicação para bons resultados.

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