terça-feira, 28 de abril de 2009

A espetacularização da Mídia



Onde está a seriedade do Jornalismo?

Geralmente, a imagem que temos da mídia e de seus representantes – jornalistas ou não – é de que são os salvadores, que defendem a vida acima de tudo, que são imbuídos por princípios que, acima de tudo, defendem os mais fracos, os oprimidos; que o seu papel é, em qualquer circunstância, o de defender o mais frágil. Infelizmente, nem sempre é assim – mais uma vez, em menos de seis meses, não foi.
O sensacionalismo, a cultura do consumo, exacerbadamente trabalhada desde a infância e em todas as áreas, inclusive a da informação e a falta de regulamentação da profissão, com certeza ajudaram muito nas distorções que vemos do papel da mídia a décadas e, recentemente, no caso Nardoni e Eloá, transformaram a mídia em espetáculo, infelizmente barato, chulo. O papel da imprensa é informar, ou será que também é ser juízes, promotores, advogados de acusação, e às vezes de defesa, psicólogos, psiquiatras, criminalistas, especialistas em segurança, ou seja lá o que for?
O caso da menina Eloá, de quinze anos, nos fez refletir mais profundamente sobre o papel da imprensa na sociedade.Por que a imprensa tem tanta dificuldade em fazer autocrítica? Esta é uma pergunta bastante oportuna.

O caso Eloá
Dois dos mais renomados apresentadores de TV, José Luiz Datena e Sônia Abrão, jornalistas, diga-se de passagem, chegaram ao cúmulo do absurdo de bater boca no ar para decidir quem tinha a melhor equipe de reportagem, a mais preparada, competente; quem fazia um jornalismo mais ético. Ético? Será que os dois têm a real noção do significado desta palavra? Será que esqueceram os manuais, as regras, os limites? A responsabilidade.
Daquele momento em diante, todos eram "negociadores", especialistas em seqüestro e resgate, desde os entrevistados até os apresentadores, passando por pastores evangélicos, advogados e toda sorte de gente querendo aparecer e "vender seu peixe".
Qualquer pessoa em sã consciência saberia que aquele comportamento não estava ajudando em nada. Pelo contrário, só atrapalhou, pois por telefone o rapaz deixou claro que seu maior medo era ser preso e levar tiros. A ética e o bom senso não indicariam evitar, pelo menos, comentários sobre punição? Ora, era óbvio que ele estava acompanhando tudo pela televisão e com essa atitude a mídia atrapalhou o sucesso da operação, mostrando a todo o momento, em detalhes, passo a passo, as ações da polícia e seu posicionamento.
Para a imprensa e seus "atores", qualquer questionamento feito a respeito de seu papel neste e em outros episódios, a exemplo do caso Nardoni, a resposta será a mesma: "Só estamos fazendo nosso trabalho." Será que alguém ainda acredita que é possível fazer jornalismo de forma diferente, mais humana e com mais respeito? Será esse o trabalho da imprensa?
Após o fim trágico da novela mexicana da mídia, assistimos já cansados, à caça às bruxas, aos culpados,etc... Interessante é perceber que as mídias não se incluem entre eles e, como em qualquer categoria corporativista, não apontam os seus também. Nem Record, nem Rede TV, nem Datena, nem Sônia. Agora, é hora de todos – das mídias – culparem a polícia, o estado, pois afinal estes são os verdadeiros culpados – os primeiros demoraram a agir e quando o fizeram foi totalmente foras dos padrões internacionais.
Será que algum dia vamos cortar na própria carne? Vamos discutir o trabalho da imprensa? Seu verdadeiro significado? Alguém vai admitir que, mesmo despreparados, ainda assim usurparam a função do negociador, do estado, dos psicólogos etc., falando com um desequilibrado com reféns? E aumentando seu ego doentio, sua ilusão de ator, de celebridade (pois para ele, e todos os que assistiram, parece que tudo não passou de uma novela). Alguém vai admitir que, nessa louca procura por "audiência e furo de reportagem", a ética jornalística foi para os quinto dos infernos? Todos os limites foram transpostos, todos os paradigmas quebrados, todos os manuais de redação rasgados.
Até quando vamos participar deste showrnalismo sem nos sentirmos culpados? Até quando participaremos, dando audiência e assistindo a esses canais, permitindo que eles transgridam todas as leis e limites?como diz Márcio Rodrigo,”não temos opções, diversidades”.Devemos a cada instante nos perguntar: a imprensa, as mídias, são o que nós queremos, ou nós somos um produto dela? Precisamos urgentemente criar uma cultura de consumo baseada, principalmente, na necessidade real. Será que precisamos disto?







Fontes:

www.midiaepolitica.unb.br

www.youtube.com

www.posjor.ufsc.br/revista

www.noticias.terra.com.br

www.andrebrandt.wordpress.com

www.estadao.com.br

www.bethccruz.blogspot.com

www.revistaquem.globo.com



Postado por Rita Basile

2 comentários:

  1. uma certa vez um homem passava pela rua e reclamando da vida e cruzou com outro.
    o outro lhe perguntou:
    o que aconteceu?
    e ele disse:
    não tenho dinheiro nem para comprar um sapato
    e o outro respondeu:
    e eu que não tenho pés para calçar

    estamos sempre procurando alguem que esteja mais desgraçado que nós, isso por falta de cultura, se esses programas tem audiência é por nossa culpa, por que não trocaram de canal para a cultura para assistirem café filosofico?

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  2. Se está atingindo a audiência significa número$$ e se estamos sobrevivendo com i$$o porque mudar ?
    A televisão é a culpada ou as pessoas se renderam e se acostumaram a tudo isso ?

    Rita, este video com a música do Humberto Gessinger de fundo ficou muito boa valeu !!

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